09 setembro 2012

Julius Aghahowa


Muitos anos antes de o Shakthar Donetsk ser uma potência europeia - graças aos milhões investidos e aos brasileiros de qualidade que tem vindo a contratar - uma passagem atenta pelo emblema ucraniano no Championship Manager já era obrigatória.

Especialmente no mítico CM 2001/2002. Não para contratar algum defesa-central ucraniano de qualidade duvidosa, mas sim para assegurar o mais rapidamente possível o serviço de duas pérolas africanas: o defesa Isaac Okoronkwo e o avançado Julius Aghahowa. Dupla nigeriana de nível mundial (no mundo virtual, claro), que, por si só, eram garantia de vitória. Okoronwko, dada a sua posição mais defensiva, é talvez um pouco esquecido nos dias de hoje. Lá chegaremos. Mas Aghahowa, ou Aghawonder como já era conhecido, nunca será esquecido.

Jovem, rápido, tecnicista, goleador. Julius tanto abrilhantava a frente de ataque do Man Utd ou do Heerenveen. Versátil, actuava em qualquer posição do ataque. Suspeito que até a lateral-esquerdo seria uma autêntica máquina.

0 golos em 21 jogos? Claramente pior manager de sempre.

Temos craque.
Ora, em 2001, Aghahowa era o homem do momento. Prometia carreira fulgurante, diziam alguns. Numa altura em que os streams não eram uma realidade, o CM servia perfeitamente para os Freitas Lobos do antigamente dizerem que a futura estrela do futebol mundial vinha da Nigéria e andava pela Ucrânia...

Em 2002, o craque parecia evoluir. Chamada para o Mundial 2002, na Coreia do Sul e do Japão. Esqueçam Okocha, esqueçam Ricky. Aghawonder vinha para ficar.

Na Ucrânia, as coisas iam correndo. Longe das marcas conseguidas no mundo dos videojogos, mas ainda assim com números razoáveis: o jovem nigeriano rendia à volta de 10 golos por época ao Donetsk. Não era brilhante, mas não era nenhum flop.

Aí está ele a ratar o Nikopolidis.
Até que o Wigan, da Liga Inglesa, achou que era boa ideia contratar o prodígio africano. Em 2007, Julius fez a mala e rumou ao UK, rodeado de grandes expectativas. Na teoria (e tendo em conta a fiel avaliação dos observadores do CM), Aghawonder encaixava bem no futebol britânico: rápido, forte, agressivo.

A realidade provou ser ligeiramente mais dura. Em época e meia, Julius fez 20 jogos. Marcou 0 golos. Zero. Os mesmos que eu, só que eu nunca joguei pelo Wigan.

Não deixou saudades.

Naturalmente desapontados, os ingleses deram guia de marcha ao craque nigeriano. Destino: Kayserispor, Turquia. Uma época, 6 golos. O suficiente para ser dispensado, mas, ainda assim, convencer o Shakthar Donetsk a voltar a confiar nele. De volta a "casa", Julius não foi feliz como dantes. Dois anos desapontantes, com poucos jogos e menos golos.

Seguiu-se empréstimo ao modesto Sevastopol, também da Ucrânia. Como era de esperar, apenas 1 golo a época toda. Julius está agora sem clube, depois de ter sido dispensado dos mineiros de Donetsk. As convocatórias para a selecção, essas, já acabaram em 2007. Com apenas 30 anos, a eterna promessa do CM 2001/2002 parece acabado para o futebol profissional. No jogo, por esta altura, já tinha sido campeão europeu pelo menos 3 vezes. A vida real é dura para muitos.

Na altura de fazer um balanço, não é fácil decidir se Julius foi uma estrela no CM e um verdadeiro flop na realidade, ou se foi uma estrela no CM e um jogador razoável na realidade. É certo que a carreira ficou aquém daquilo que os 40 golos por época nos computadores mundiais faziam acreditar, mas ainda assim, o craque nigeriano ganhou 5 campeonatos, 2 Taças, foi presença regular na selecção da Nigéria e até marcou presença no Mundial 2002.

Assim sendo:

Dados Conhecidos

Golos na Carreira: 60
Internacionalizações: 32 (e 14 golos)
Ponto alto da carreira: Campeão da Ucrânia e presença no Mundial 2002
Situação actual: Desempregado de longa duração

Aghahowa brilhou com todo o esplendor (de forma bastante moderada e só até aos 26 anos).

10 maio 2012

Orri Freyr Óskarsson


Em primeiro lugar, é preciso esclarecer: Orry Freyr Óskarsson e Orri Freyr Hjaltalín são uma e a mesma pessoa. A única diferença é que Óskarsson é um craque do calibe de um Cristiano Ronaldo, Messi ou Wayne Rooney, e o pobre Hjaltalín não chega aos calcanhares de Gunnar Heiðar Þorvaldsson, modesto avançado do IFK Norrköping, mas que mesmo assim teve mais sucesso internacional que Hjaltalín.

Ora, mas quem viu Óskarsson passear a sua qualidade nos relvados virtuais do Championship Manager 2003/2004, jamais esquece as qualidades deste avançado islandês. Frequentemente recordado como uma das maiores glórias do Championship Manager, a veneração virtual a este craque é directamente proporcional às dúvidas sobre a sua carreira no mundo real. O facto de Óskarsson ser, afinal, Hjaltalín, não ajuda a localizar a lenda. Mas já lá vamos.


Fisicamente, Orri era um verdadeiro animal. Mais rápido que Obafemi Martins, mais ágil que João Pinto, mais resistente que Petit, com uma impulsão que fazia corar de vergonha qualquer Bruno Alves... enfim, uma versão incrivelmente melhorada de Eidur Gudjohnsen. O jogo colocava-lhe a etiqueta de ponta-de-lança explosivo, algo que era normalmente sinónimo de muitos golos. Contratar Óskarsson ao modesto Thor (ou Þór, na língua local), significava carradas de golos. 


Há uns meses, voltei a passar umas horas a jogar o CM 03/04, e a verdade é que não hesitei em levar o mito islandês para o Tampere United. No primeiro jogo oficial, apontou 4 golos. No segundo, apontou 3. Bem, feitas as contas, e se a memória não me engana, ao fim de 10 jogos levava uns 16 golos. Nada mau para um avançado que tinha apenas, nessa altura, 12 em finalização. 




Um manager decidiu partilhar esta bela imagem, onde podemos ver que Orri Óskarsson marcou 67 golos na Serie A 2006/2007. Embrulha Messi. 


Na vida real, e como muitos temiam, Óskarsson não exibia tais dotes. Orri Freyr Hjaltalín cumpriu a última época ao serviço do Thor precisamente em 2003. Ao contrário do que acontecia no Football Manager, não foi nem para o Inter, nem para o Boavista, nem para o Dag & Red, nem para o Estugarda. Foi para o... Grindavik, outro pequeno clube da Islândia. Títulos? Nada. Apesar disso, Orri por lá andou até 2011, data em que voltou ao Thor, qual Rui Costa de regresso ao clube que o lançou. Thor que, por esta altura, e se as minhas informações não me enganam, milita na 2ª Divisão da Islândia.




Portanto, está mais que visto que Óskarsson/Hjaltalín (este caso de dupla personalidade assusta-me um pouco) não foi  a lado nenhum nos relvados naturais/sintéticos da Islândia. A época passada, ficou-se pelos 2 golos em 22 jogos - mas diga-se em abono da verdade que, aparentemente, o nosso craque foi recuando no terreno e fixou-se no meio-campo. 


Ora, agora vem a parte de material exclusivo para matar a curiosidade dos mais entusiastas.


VÍDEO DE ORRI FREYR ÓSKARSSON A MARCAR UM GOLO (num amigável)




(ir sensivelmente para os 4.10)


Que elegância! Que matador! Pena ter ficado aparentemente lesionado. Tirando isso, excelente gesto técnico.


OUTRO GOLO DE ÓSKARSSON/HJALTALÍN (também num amigável)

(aos 3.24)

Reparem na jogada fabulosa! Lança o ataque, e depois vai a correr por lá fora e finaliza ao segundo poste. Maravilhoso, isto é futebol. Pena o relvado sintético ser pior que o do Power Soccer.

E AINDA MAIS UM GOLO DO CRAQUE! (infelizmente também é num amigável) 


(a partir dos 4.40)

Excelente finalização à meia-volta, quem dera a muitos craques da  Primeira Divisão islandesa!

Ora, em termos de golos, é tudo o que existe de Óskarsson. Há também uma entrevista:


Tenho quase a certeza que, a certa altura, ele refere que no CM 03/04 era o melhor jogador da base-de-dados. Se não refere, devia. É um óptimo cartão de visita, pelo menos na Islândia.

Dados conhecidos:

Golos na carreira: não faço ideia, mas pelo menos 2 em 2011, e mais 3 em amigáveis.
Internacionalizações: nenhuma.
Ponto alto da carreira: provavelmente nenhum.
Situação actual: com 31 anos, voltou ao Thor, clube que o formou e que actualmente joga na 2ª Divisão.

Infelizmente, Orri Freyr Óskarsson falhou redondamente.

26 abril 2012

Stefan Ishizaki


Há uns dias que o mundo do futebol anda louco com um golaço de Stefan Ishizaki, médio dos suecos do IF Elsfborg. Poderia descrever tamanha obra de arte, mas as imagens falam por si.


Um remate apenas ao alcance de predestinados, certamente. Mas tamanhas qualidades são apenas desconhecidas para quem nunca instalou o Championship Manager 2001/2002 num velhinho Pentium MMX (ficava lento mas funcionava). Aos 29 anos, e com um golo fabuloso, Ishizaki volta à ribalta, e materializa todo o potencial que a equipa de observação sueca que trabalhava para a Sports Interactive esperava dele há uns 10 anos atrás.

Com apenas 18 anos, Stefan Ishizaki era compra obrigatória para qualquer treinador virtual. Alinhava no AIK Solna, do campeonato sueco, e por um punhado de euros (ou contos, na altura) mudava-se alegremente para outras paragens europeias. Com o passar dos anos, tornava-se num misto de Overmars e Zidane.

Na vida real, cedo se começou a evidenciar. Continua a ser o jogador mais jovem de sempre a ganhar uma Taça da Suécia, com apenas 16 anos (mas quase 17).

Ishizaki no AIK
Prestações interessantes no AIK e algumas chamadas para a selecção da Suécia (apesar de também ser japonês), despertaram o interesse do Genoa, na altura ainda na Serie B italiana. O clube atravessava uma fase complicada, e Stefan pouco ajudou. Andou por Itália apenas uns meses, e não foi além das 4 presenças. Fez as malas e voltou ao AIK.

O problema é que o clube dos arredores de Estocolmo sentiu a falta do seu astro principal, e acabou por descer de divisão. Ishizaki, ciente do seu enorme potencial, decidiu sair do clube e rumar à vizinha Noruega, onde ajudou o Valerenga a fazer história: o clube sagrou-se campeão norueguês, e quebrou assim a total e absoluta hegemonia do Rosenborg.

Apesar dos triunfos, Ishizaki sentia-se melhor na Allsvenskan, e voltou à Suécia, desta vez para representar o Elfsborg, onde ainda joga.


A magia do sueco-japonês (??) ajudou a equipa de Boras a vencer o campeonato em 2006, mas desde então, e apesar de boas prestações no campeonato, Ishizaki não voltou a levantar nenhum troféu.

Há uns anos, o Braga defrontou o Elsfborg (e Stefan Ishizaki) numa eliminatória da Taça UEFA. Apesar do favoritismo bracarense, foram mesmo os suecos a seguir em frente. Luís Freitas Lobo, guru do futebol português e o segundo maior especialista nacional em táctica (a seguir a Jorge Jesus), não poupou elogios ao médio-ofensivo.

Imagem retirada do site do LFL.
Ora, na hora do balanço, é difícil dizer se Ishizaki foi um flop absoluto, ou se teve uma carreira decente. Com 29 anos actualmente, é pouco provável que faça uma carreira fabulosa na Europa, como o CM 2001/2002 sugeria. No entanto, é certo que é uma das estrelas da liga sueca, e apesar de não ter ido tão longe como o seu companheiro virtual Kim Källström, também não se revelou nenhum Adu ou Tsigalko.

Aqui vai o veredicto:

Dados conhecidos

Golos na carreira: 54 em 243 (não é mau para um médio)
Internacionalizações: 13 (0 golos)
Ponto alto da carreira: Campeão na Suécia e Noruega, jogador mais jovem a ganhar a Taça da Suécia, ser considerado "inteligente" por Luís Freitas Lobo
Situação actual: craque do Elfsborg

Felizmente, Ishizaki marcou pelo menos um golaço com todo o esplendor.

20 março 2012

Freddy Adu


O futebol tem coisas mágicas. Adu podia ter sido uma delas. Primeiro, era a promessa do soccer. Depois, passou a promessa mundial. Mais à frente, era mais uma promessa do Benfica. No fim, acaba por não ser coisa nenhuma. Excepção feita ao Football Manager, claro está.

Quando a MLS não tinha ainda o glamour de Bekcham (mas tinha Cobi Jones), o fenómeno Adu chegou à maior parte dos adeptos europeus através do Championship Manager 4 (CM4), onde surgia como um poderoso Médio Ofensivo... de apenas 14 anos.

Aqui já no Bolton. O treinador devia ser mau.
A partir daí, e nas edições seguintes do CM/FM, Adu era compra obrigatória. O jovem americano nascido no Gana tornava-se uma máquina que destruía as defesas contrárias, com um misto de velocidade, técnica e precisão. Um autêntico craque, que aos 18 anos relegava qualquer glória do beautiful game para o banco.


Nos campos virtuais, já não havia qualquer dúvida que Freddy Adu era, pelo menos, um jogador lendário. Com apenas 14 anos tinha atributos de fazer inveja a qualquer Landon Donovan, e à medida que o jogo ia avançando, tornava-se num Chalana dos tempos modernos (mais escuro e menos cabeludo).

Paralelamente à Adumania entre os fanáticos do Championship Manager, crescia a Adumania nos relvados da Major League Soccer. Com apenas 14 anos, o jovem Adu tornou-se o jogador mais jovem a alinhar numa partida do principal campeonato profissional dos Estados Unidos, ao serviço do DC United (de Washington). Rezam as lendas que, com apenas 10 anos, Freddy já alinhava em selecções sub-14 dos EUA, e fazia babar os olheiros de gigantes europeus. Inter, Lazio, Juventus e Man Utd pareciam lutar para assegurar esta pérola afro-americana.

Em termos estatísticos, e tendo em conta que Adu tinha apenas 14 anos na altura, a primeira época como profissional foi interessante: 5 golos e 3 assistências em 30 jogos. Alguns críticos (e visionários) não estavam convencidos com as performances do jovem Adu, mas Pelé não hesitava em levar o menino ao colo. Literalmente.

Isto é bizarro.

O pé esquerdo de Adu é fantástico. Deus deu-lhe o dom de jogar futebol. Se estiver mentalmente e fisicamente preparado, ninguém o vai parar.
Pelé, sobre Freddy Adu.

O Pelé calado é um poeta.
Romário, sobre Pelé.


Ainda hoje existem dúvidas se o astro brasileiro falava sobre o verdadeiro Freddy Adu ou do Freddy Adu do FM2005. Isto porque, na sua carreira real, e apesar das desesperadas tentativas da Nike em fazer de Adu um ícone americano e mundial, o jovem estava longe de convencer absolutamente. O DC United achou que ele não era uma promessa assim tão grande e despachou-o para o Real Salt Lake. Recebeu em troca um guarda-redes que não conheço e algum dinheiro. 

Ora, e quando parecia arrefecer a loucura à volta de Adu, eis que o craque americano parte a louça toda no Mundial 2007 de Sub-20. E eis que o impensável acontece.


O Benfica já tinha tido vários future Eusébio, nomeadamente Pepa, Mawete e Akwá. Depois ainda teve Makukula. Mas future Pelé ainda não tinha tido nenhum (que me lembre).

A chegada de Adu foi rodeada de grande entusiasmo por parte dos adeptos encarnados. Imagino que grande parte core agora de vergonha por ter ido ao aeroporto receber Freddy Adu. 

Adu e um fanático do FM2005.

Bem, é o chamado humor futurista. A passagem de Adu no Benfica foi tudo menos gloriosa: 11 jogos, 2 míseros golos no campeonato (e mais alguns nas Taças), e a clara ideia de que Adu não tinha futebol para a Europa. Numa tentativa de recuperar o menino prodígio, o Benfica decide emprestar a estrela americana ao Mónaco. Empréstimo com opção de compra, claro está, porque convinha despachar o puto. No final da época, os monegascos disseram er, not really, e devolveram Adu à procedência.

Em 2009, o outrora alvo da cobiça de Man Utd e Internazionale foi emprestado ao Belenenses. Adu brilhou tanto que a equipa lisboeta decidiu cancelar o empréstimo a meio da temporada. O modesto Aris, da Grécia, achou que ia recuperar Freddy Adu, e recebeu o craque por empréstimo em Janeiro de 2010. 9 jogos e 1 golo depois, Adu voltava ao Benfica sem grandes perspectivas de permanecer no futebol europeu.

Nessa altura, Adu deixou de constar nas convocatórias da selecção americana. E quando parecia que nada podia ser pior, eis que o Benfica empresta Freddy ao Çaykur Rizespor, uma desconhecida equipa da 2ª Divisão da Turquia. Pois. Numa divisão inferior, o craque nem se safou mal: 11 jogos e 4 golos em meia época. Não foi o suficiente para convencer os benfiquistas (nem os turcos).

Não parece muito contente na Turquia :(
Depois da falhada aventura europeia, Adu fez as malas e voltou à terra-natal. Com uma lista reduzida de clubes interessados, Freddy rumou ao Philadelphia Union, uma equipa que entrou recentemente na MLS. Apesar de terem circulado rumores que davam conta do interesso do Union em despachar o Adu para outro clube qualquer, tal não se verificou, e o jovem de 22 anos continua em Philadelphia nesta época 2012.

Adu, agora com 22 anos.
É certo que ainda é cedo para fazer avaliações finais, mas aqui vai:

Dados Conhecidos

Golos na carreira: 27, em 181 jogos
Internacionalizações: 17, 2 golos (e muitas dezenas de jogos pelas selecções jovens americanas)
Ponto alto da carreira: miminhos do Pelé, estreia com 14 anos pelo DC United, internacionalizações pela selecção dos EUA
Situação Actual: Philadelphia Union, onde nem sequer é um dos designated players da equipa

Infelizmente, Freddy Adu parece ter tudo para falhar redondamente.

12 março 2012

Dionisis Chiotis

 

Há muitos anos que Dionisis Chiotis paira no imaginário de todos os amantes do Championship Manager. Na vida real, no entanto, foram precisos mais de 10 longas épocas para ver o veterano grego a ser tão decisivo como era no ecrã do computador.

Chiotis é, muito provavelmente, o homem do momento no Chipre. Uma exibição heróica no desempate por pontapés de grande penalidade contra o Lyon, em jogo histórico dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, atirou Chiotis novamente para a ribalta. Desta vez por defesas que efectivamente fez. O APOEL ganhou, avançou para os quartos-de-final, e Chiotis tornou-se uma lenda.

Ao contrário do ex-colega virtual Tsigalko, Chiotis conta agora com homenagens em formato vídeo (no Youtube, claro está) onde podemos comprovar o seu real talento.

 

Juram os fãs deste cabeludo guarda-redes que Chiotis é mesmo o melhor guardião grego de todo o sempre. Nos campos de futebol, a afirmação carece de confirmação através de exibições mágicas (e já não há muito tempo, porque Dionisis leva 34 anos). Mas nos relvados virtuais, Chiotis está certamente ao nível de um Lev Yashin ou Dino Zoff. 


Não era invulgar ver Chiotis defender em clubes com um nível bem superior ao AEK Atenas. Na vida real, no entanto, a carreira de Dionisis nem sempre foi um mar de rosas.

Este guarda-redes com ar de vocalista de banda grunge foleira dos anos 90 passou grande parte da carreira no AEK, o clube que o formou e lançou no futebol, mas entre 2000 e 2007 não foi além dos 96 jogos (cerca de 12 por época, em média).

Ao serviço do AEK ainda sem a lendária trunfa.
Findo o seu período de glória no AEK, rumou ao modesto Kerkyra, da Grécia. Depois, o sonho do Chipre: a mudança para o APOEL, onde já conquistou 2 campeonatos e 3 Supertaças. E agora, anos depois da glória europeia no jogo de gestão desportiva mais popular do Mundo, finalmente a glória europeia real. Parabéns Chiotis.


Dados conhecidos

Penalties defendidos na carreira: pelo menos 2 (contra o Lyon a semana passada)
Internacionalizações: 1 (melhor que nada)
Ponto alto da carreira: levar o APOEL aos quartos-de-final da Champions League, 6 títulos conquistados
Situação actual: herói dos adeptos do APOEL

Felizmente, Dionisis Chiotis tem uma carreira recheada de defesas com todo o esplendor.

08 março 2012

Maxim Tsigalko


Para os entusiastas do Championship Manager, Tsigalko é Maradona. Ou talvez mais. Tsigalko é lenda do futebol, avançado mortífero superior a Pelé, com dotes ofensivos que faziam corar qualquer Gerd Müller ou Ronaldo. Messi não é o novo Maradona: é o novo Tsigalko. E Tsigalko não era o novo Maradona: Maradona era o pré-Tsigalko.

Por um punhado de Euros, Maxim Tsigalko trocava os gigantes do Dinamo Minsk, da Bielorrússia, por qualquer equipa de média dimensão. Sozinho, assegurava campeonatos e até glória eterna nas competições europeias. Brilhava em qualquer frente de ataque, desde o Maia ao Manchester United. Rezam as lendas que Tsigalko era até capaz de marcar mais de 40 golos por época, sem qualquer suor ou dificuldade. Performance desumana. As bibliotecas virtuais documentam e comprovam tal talento.




E rezam as lendas que qualquer bom treinador tirava partido da sua forte capacidade de marcação individual ao guarda-redes adversário, o que representava não só a maior inovação em termos técnico-tácticos desde a marcação à zona nas bolas paradas, introduzida pela primeira vez por Jorge Jesus, no Amora, nos anos 80 (segundo o próprio), mas também um inacreditável acréscimo de golos com a assinatura do craque bielorrusso.



Não surpreende, portanto, que como qualquer jogador de topo, Tsigalko seja alvo de homenagens sentidas em vídeos do YouTube, com a habitual música de dança como som ambiente. Best Of Tsigalko, golos e mais golos... Estatísticas impressionantes daquele que prometia ser o maior craque alguma vez saído do futebol do Leste Europeu.




Os vídeos, esses, ficam-se mesmo pelos míticos comentários do CM 2001/2002, porque o rasto de golos verdadeiros marcados por Tsigalko nos vários clubes que representou na sua carreira real, esfumou-se no tempo e perdeu-se para sempre. E agora, as respostas a todas as perguntas que pairam na mente de qualquer aficionado do CM: quem era Tsigalko? Que rumo seguiu esta promessa? Porque é que ainda não assinou pelo Barcelona?

Cuidadosa investigação devolve logo o primeiro detalhe a reter: Maxim Tsigalko é, afinal, Maksim Tsyhalka. Ou Maksim Tsygalko, em russo. Ou até Максім Цыгалка. 


Depois de épocas de sucesso ao serviço das equipas jovens do Dinamo Minsk, Tsyhalka foi naturalmente promovido à equipa principal do clube. Onde, curiosamente, se terá mantido até finais de 2006, juntando ao brilho dos jogos do campeonato algumas internacionalizações pela Selecção Sub-21 da Bielorrússia. 


Não tardou até um colosso europeu manifestar todo o seu interesse pelo promissor ponta-de-lança. Falo-vos do Marítimo, essa pérola do Funchal que chegou a juntar Dinda e Abdel Sabry na mesma equipa, com resultados infelizmente pouco animadores. Manuel Cajuda, treinador português claramente com 20 em Avaliação da Capacidade de Jogadores, fez tudo para contar com o enorme Tsigalko/Tsyhalka no plantel que preparava para a época 2004/2005. Mas quis o destino que Maksim não abrilhantasse a Liga Portuguesa com mais de 40 golos.


Primeiro, problemas com o visto de entrada no nosso país impediram o jovem craque de se juntar ao Marítimo no Estágio de pré-época, em Melgaço. Certamente uma manobra dos responsáveis de Porto, Benfica ou Sporting, que temiam uma vitória folgada do Marítimo na Liga, graças aos 54 golos em 28 jogos de Maksim. Era claro como a água: para Cajuda, com Tsyhalka, o Marítimo podia ser Campeão Europeu em duas épocas.


Ultrapassado o problema burocrático, Tsyhalka conseguiu chegar à Madeira. No primeiro treino, dizem os mais antigos, o ambiente era de excitação. Mas, ao fim de apenas uma hora na sessão de trabalho, a vida de  Tsyhalka parou.


Num lance de ataque, o craque sofreu uma grave lesão no joelho. Rotura dos ligamentos cruzados. Cajuda ficou desesperado ao saber que não poderia contar com Tsigalko até ao final da época. Como qualquer treinador de CM faria, Manel Cajuda comprou a Tsyhalka um bilhete de avião para Minsk (via Frankfurt). Só de ida. O desânimo abateu-se sobre os adeptos do Marítimo. Havia quem jurasse a pés juntos que o Marítimo perdia ali uma verdadeira mina de golos.


Dizia Ricardo Silva:

Não só no Championship Manager mas também no mundo real este jovem é um dos melhores pontas de lança da actualidade. Já tive oportunidade de ver várias exibilções dele e o Marítimo não imagina o que está a perder.


Daniel alertava:

NAO O DEIXEM SAIR! VAO SE ARREPENDER MAIS TARDE!!!

A verdade é que, ao olhar para a carreira de Tsyhalka, é pouco provável que o Marítimo se tenha arrependido. Fustigado por lesões, abandonou Minsk para se juntar ao Naftan, também da Bielorrússia. 24 jogos e apenas 3 golos depois, mudou-se para o Kaisar, do competitivo campeonato do Cazaquistão, onde marcou 7 golos. Seguiu-se o Benants Yerevan, da Arménia, onde as lesões impediram Tsyhalka de ir além dos 2 golos em 4 jogos. Em 2009, acabou a carreira no Savit Mogilev, do seu país Natal. Em jeito de balanço final, ficam para a história as duas internacionalizações (e um golo) ao serviço da Bielorrússia, e a presença no Euro2004 Sub-21.


Depois de pendurar as botas, Tsyhalka continuou a ser uma referência no país. Em 2010, numa altura em que o Marítimo se preparava para defrontar o BATE Borisov, Tsigalko foi chamado à imprensa para falar da equipa portuguesa. As 3 horas que passou nas instalações do clube foram certamente muito úteis para esta análise aprofundada:


Quando joguei no Marítimo, o clube tinha 16 brasileiros. Têm uma equipa rápida e tecnicista. A defesa tinha jogadores altos, e o ataque tinha jogadores baixos. Mas as coisas mudaram muito e não sei como estão agora.
Tsyhalka, sobre o Marítimo, 2010.

Em 2011, o site bielorrusso Goals.by fez uma grande entrevista a Tsyhalka. Entre outras coisas, ficamos a saber que o fabuloso Maxim Tsigalko é agora empresário no ramo da produção e instalação de janelas. Revela que gostava de voltar pelo menos ao futebol amador, mas não sabe se as dores no pé e na anca vão permitir concretizar esse sonho. Sublinha que gostava de ser treinador, e diz que nunca rumou a outros clubes europeus porque as partes nunca se entendiam sobre o montante da transferência. 

Maxim Tsigalko, ou Maksim Tsyhalka, lenda maior de todos os Championship Managers, fez um golo com todo o esplendor, ou acabou por falhar redondamente?

Dados conhecidos

Golos na carreira: 52
Internacionalizações: 2 (e 11 Sub-21)
Ponto alto da carreira: representar o Dinamo Minsk e lesionar-se no primeiro treino do Marítimo.
Situação actual: empresário no ramo das janelas.
 
Infelizmente, Tsigalko falhou redondamente.