Muitos anos antes de o Shakthar Donetsk ser uma potência europeia - graças aos milhões investidos e aos brasileiros de qualidade que tem vindo a contratar - uma passagem atenta pelo emblema ucraniano no Championship Manager já era obrigatória.
Especialmente no mítico CM 2001/2002. Não para contratar algum defesa-central ucraniano de qualidade duvidosa, mas sim para assegurar o mais rapidamente possível o serviço de duas pérolas africanas: o defesa Isaac Okoronkwo e o avançado Julius Aghahowa. Dupla nigeriana de nível mundial (no mundo virtual, claro), que, por si só, eram garantia de vitória. Okoronwko, dada a sua posição mais defensiva, é talvez um pouco esquecido nos dias de hoje. Lá chegaremos. Mas Aghahowa, ou Aghawonder como já era conhecido, nunca será esquecido.
Jovem, rápido, tecnicista, goleador. Julius tanto abrilhantava a frente de ataque do Man Utd ou do Heerenveen. Versátil, actuava em qualquer posição do ataque. Suspeito que até a lateral-esquerdo seria uma autêntica máquina.
0 golos em 21 jogos? Claramente pior manager de sempre. |
Temos craque. |
Em 2002, o craque parecia evoluir. Chamada para o Mundial 2002, na Coreia do Sul e do Japão. Esqueçam Okocha, esqueçam Ricky. Aghawonder vinha para ficar.
Na Ucrânia, as coisas iam correndo. Longe das marcas conseguidas no mundo dos videojogos, mas ainda assim com números razoáveis: o jovem nigeriano rendia à volta de 10 golos por época ao Donetsk. Não era brilhante, mas não era nenhum flop.
Aí está ele a ratar o Nikopolidis. |
A realidade provou ser ligeiramente mais dura. Em época e meia, Julius fez 20 jogos. Marcou 0 golos. Zero. Os mesmos que eu, só que eu nunca joguei pelo Wigan.
Não deixou saudades. |
Naturalmente desapontados, os ingleses deram guia de marcha ao craque nigeriano. Destino: Kayserispor, Turquia. Uma época, 6 golos. O suficiente para ser dispensado, mas, ainda assim, convencer o Shakthar Donetsk a voltar a confiar nele. De volta a "casa", Julius não foi feliz como dantes. Dois anos desapontantes, com poucos jogos e menos golos.
Seguiu-se empréstimo ao modesto Sevastopol, também da Ucrânia. Como era de esperar, apenas 1 golo a época toda. Julius está agora sem clube, depois de ter sido dispensado dos mineiros de Donetsk. As convocatórias para a selecção, essas, já acabaram em 2007. Com apenas 30 anos, a eterna promessa do CM 2001/2002 parece acabado para o futebol profissional. No jogo, por esta altura, já tinha sido campeão europeu pelo menos 3 vezes. A vida real é dura para muitos.
Na altura de fazer um balanço, não é fácil decidir se Julius foi uma estrela no CM e um verdadeiro flop na realidade, ou se foi uma estrela no CM e um jogador razoável na realidade. É certo que a carreira ficou aquém daquilo que os 40 golos por época nos computadores mundiais faziam acreditar, mas ainda assim, o craque nigeriano ganhou 5 campeonatos, 2 Taças, foi presença regular na selecção da Nigéria e até marcou presença no Mundial 2002.
Assim sendo:
Dados Conhecidos
Golos na Carreira: 60
Internacionalizações: 32 (e 14 golos)
Ponto alto da carreira: Campeão da Ucrânia e presença no Mundial 2002
Situação actual: Desempregado de longa duração
Aghahowa brilhou com todo o esplendor (de forma bastante moderada e só até aos 26 anos).