09 setembro 2012

Julius Aghahowa


Muitos anos antes de o Shakthar Donetsk ser uma potência europeia - graças aos milhões investidos e aos brasileiros de qualidade que tem vindo a contratar - uma passagem atenta pelo emblema ucraniano no Championship Manager já era obrigatória.

Especialmente no mítico CM 2001/2002. Não para contratar algum defesa-central ucraniano de qualidade duvidosa, mas sim para assegurar o mais rapidamente possível o serviço de duas pérolas africanas: o defesa Isaac Okoronkwo e o avançado Julius Aghahowa. Dupla nigeriana de nível mundial (no mundo virtual, claro), que, por si só, eram garantia de vitória. Okoronwko, dada a sua posição mais defensiva, é talvez um pouco esquecido nos dias de hoje. Lá chegaremos. Mas Aghahowa, ou Aghawonder como já era conhecido, nunca será esquecido.

Jovem, rápido, tecnicista, goleador. Julius tanto abrilhantava a frente de ataque do Man Utd ou do Heerenveen. Versátil, actuava em qualquer posição do ataque. Suspeito que até a lateral-esquerdo seria uma autêntica máquina.

0 golos em 21 jogos? Claramente pior manager de sempre.

Temos craque.
Ora, em 2001, Aghahowa era o homem do momento. Prometia carreira fulgurante, diziam alguns. Numa altura em que os streams não eram uma realidade, o CM servia perfeitamente para os Freitas Lobos do antigamente dizerem que a futura estrela do futebol mundial vinha da Nigéria e andava pela Ucrânia...

Em 2002, o craque parecia evoluir. Chamada para o Mundial 2002, na Coreia do Sul e do Japão. Esqueçam Okocha, esqueçam Ricky. Aghawonder vinha para ficar.

Na Ucrânia, as coisas iam correndo. Longe das marcas conseguidas no mundo dos videojogos, mas ainda assim com números razoáveis: o jovem nigeriano rendia à volta de 10 golos por época ao Donetsk. Não era brilhante, mas não era nenhum flop.

Aí está ele a ratar o Nikopolidis.
Até que o Wigan, da Liga Inglesa, achou que era boa ideia contratar o prodígio africano. Em 2007, Julius fez a mala e rumou ao UK, rodeado de grandes expectativas. Na teoria (e tendo em conta a fiel avaliação dos observadores do CM), Aghawonder encaixava bem no futebol britânico: rápido, forte, agressivo.

A realidade provou ser ligeiramente mais dura. Em época e meia, Julius fez 20 jogos. Marcou 0 golos. Zero. Os mesmos que eu, só que eu nunca joguei pelo Wigan.

Não deixou saudades.

Naturalmente desapontados, os ingleses deram guia de marcha ao craque nigeriano. Destino: Kayserispor, Turquia. Uma época, 6 golos. O suficiente para ser dispensado, mas, ainda assim, convencer o Shakthar Donetsk a voltar a confiar nele. De volta a "casa", Julius não foi feliz como dantes. Dois anos desapontantes, com poucos jogos e menos golos.

Seguiu-se empréstimo ao modesto Sevastopol, também da Ucrânia. Como era de esperar, apenas 1 golo a época toda. Julius está agora sem clube, depois de ter sido dispensado dos mineiros de Donetsk. As convocatórias para a selecção, essas, já acabaram em 2007. Com apenas 30 anos, a eterna promessa do CM 2001/2002 parece acabado para o futebol profissional. No jogo, por esta altura, já tinha sido campeão europeu pelo menos 3 vezes. A vida real é dura para muitos.

Na altura de fazer um balanço, não é fácil decidir se Julius foi uma estrela no CM e um verdadeiro flop na realidade, ou se foi uma estrela no CM e um jogador razoável na realidade. É certo que a carreira ficou aquém daquilo que os 40 golos por época nos computadores mundiais faziam acreditar, mas ainda assim, o craque nigeriano ganhou 5 campeonatos, 2 Taças, foi presença regular na selecção da Nigéria e até marcou presença no Mundial 2002.

Assim sendo:

Dados Conhecidos

Golos na Carreira: 60
Internacionalizações: 32 (e 14 golos)
Ponto alto da carreira: Campeão da Ucrânia e presença no Mundial 2002
Situação actual: Desempregado de longa duração

Aghahowa brilhou com todo o esplendor (de forma bastante moderada e só até aos 26 anos).

2 comentários:

  1. Muito bom seu blog!
    Muito engraçado e bem escrito
    Sou grande fã da série CM/FM e aproveitei boa parte dessas pérolas.
    Sinto falta de alguns, porém.
    Onde está a dupla explosiva Todorov e Kakalov? Os Búlgaros do Litex tinham atributos de fazer inveja à Ronaldo.
    E o brasileiro Toledo, da Catanzaro? Também era uma peça obrigatória no meu time...
    Hhaha
    Um grande abraço e saudações Brasileiras

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  2. Muito boa leitura, não sei como é que este blogue não tem mais vizualizações. Aguardando ansiosamente pela biografia do grande Tó Madeira. Tens muito por onde pegar. Até na Inglaterra fizeram um clube em sua homenagem!

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